Não matarás.

Não corte aquele que nada pode criar o fio da existência das criaturas do Senhor. Não deixe o homem que em seu coração se desenvolva o instinto da destruição, pois não sabe que responsabilidade assume.

Este Mandamento, muito vago em seu enunciado, tem um alcance maior do que supondes e ultrapassa de muito os limites do vosso ser. Em cada uma das fases do seu passado, a humanidade o interpretou segundo as suas necessidades. Em cada uma das fases do seu futuro o interpretará de maneira a lhe ampliar a inteligência e aplicação.

Nos tempos primitivos, o “não matarás” significava, para os Hebreus: “Não derramarás, sem motivo, o sangue de teu irmão”. Mas, a pena de morte vigorava para o menor delito e o sangue das vítimas oferecidas em holocausto corria incessantemente sobre o altar e tão pouco poupados eram os escravos, quanto os animais.

Mais tarde, a pena de morte se tornou menos aplicada. Só o era àquele cujo crime se tinha por bem comprovado. Os próprios animais passaram a ser, em parte, menos sacrificados, quando nada, nas cerimônias do culto. Porém, as vinganças, as guerras, a crueldade continuaram, como continuam, a derramar sangue por todos os lados.

Hoje, os que hão escutado a nossa voz, mesmo os que não a têm compreendido ou a consideram mentirosa, se levantam contra a aplicação da pena de morte ao criminoso, anelam pelo momento em que não mais homens se alinhem diante de homens, para descarregar uns sobre os outros seus mortíferos projetis e alguns — os que nos atendem — poupam a vida de todas essas criaturas fracas que o Senhor lhes pôs no caminho, a fim de desenvolver em seus corações a caridade e fazer-lhes compreender a solidariedade universal. Mas, o sangue ainda corre nos matadouros e, aos magotes, caem, sob os golpes dos cutelos assassinos, as vítimas necessárias à alimentação humana.

Mais tarde, o sangue deixará de ser derramado na Terra. Mais tarde, o homem não matará. Amará e protegerá o fraco, quer seja este um homem também, quer um animal confiado à sua guarda. Compreenderá a lei de amor e saberá elevar-se acima das necessidades da carne, necessidades a que ainda precisa satisfazer, porquanto correspondem à organização atual da máquina, mas que diminuirão gradualmente, à medida que o Espírito crescer na sabedoria e em ciência, porque, de par com este crescimento, também gradativamente se modificará o organismo humano. O progresso físico marcha e se desenvolve concomitantemente com o progresso moral e intelectual, com os quais guarda relação. (Ver: O Livro dos Espíritos, págs. 334-345, sobre a Lei de destruição).

Neste momento, a abolição da pena de morte é reclamada na França, está proposta nas assembleias legislativas da Itália e da Bélgica.

São esforços generosos; são promissores começos. Ainda não chegou, porém, o momento de abolir-se a pena de morte. É preciso que se depure o moral das classes inferiores, inferiores não do ponto de vista das condições sociais, mas do adiantamento moral, intelectual dos Espíritos. Enquanto não chega esse esperado momento, a vós, homens, a vós espíritas, sobretudo cabe, pelos vossos ensinos e exemplos, apressar-lhe o advento possível e oportuno.

 

OS DEZ MANDAMENTOS

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