— 49. João, replicando, disse: Mestre, vimos um homem que expulsa os demônios em teu nome e nós lho proibimos, pois que ele não te segue conosco. — 50. Jesus lhe disse: Não lho proibais, porque quem não é contra vós por vós é.(Lucas IX)

Por que pretender sofrear os impulsos da fé? Por que pretender forçar os homens a caminharem por uma determinada senda que se lhes abriu, quando podem, seguindo a que lhe fica paralela, chegar ao mesmo fim? Já naquela época Jesus condenava a tirania mística que vos diz: Crede como eu, adorai como eu, do contrário sereis condenados às penas eternas.

Compreendei bem o alcance destas benfazejas palavras do Mestre: “Porque o impedistes?” “Aquele que não é contra mim (textual), é por mim.” Sim, filhos bem-amados, aquele que segue os passos do guia divino, que lhe admira as leis, mas que, não se contentando com uma admiração estéril, as pratica, esse é pelo Cristo, é seu irmão. E ele, o irmão mais velho, que entrou no “reino do pai”, isto é: que atingiu a perfeição, lá prepara lugares para os que caminham nas suas pegadas.

O Mestre não vos abriu uma única estrada. Onde quer que se possa fazer o bem, aí descobrireis a marca de seus pés. Segui-o sem vos inquietardes com os que vos queiram deter. Expulsai, em seu nome, todos os “demônios” que tentam e assaltam a humanidade.

Começai por expeli-los dos vossos corações e fareis “milagres” de fé e de amor, porquanto, obrando em seu nome, estareis com Jesus e Jesus estará convosco. Dele recebemos a incumbência de dizer-vos: Ide, ó bem-amados, a graça do Senhor pousa sobre as vossas cabeças.

Repetindo estas palavras do Mestre: “Aquele que não é contra mim é por mim“, dissemos acima serem elas textuais. Com efeito, essas são, textualmente, as palavras que o Mestre pronunciou.

Nada valem os erros cometidos pelos tradutores. Alguns as tomaram num sentido genérico e traduziram: “Aquele que não é contra vós é por vós”. Outros as tomaram num sentido particular e traduziram: “Aquele que não é contra nós é por nós”.

O Espírito encarnado que expulsava os demônios em nome do Mestre, sem pertencer ao número dos que, com os discípulos, o seguiam, era um Espírito em missão. Não vos equivoqueis quanto ao sentido destas palavras. Um Espírito pode estar em missão, sem que por isso seja um Espírito superior.

O que desempenhava a missão a que aludimos era um Espírito esclarecido, a quem os laços da carne não haviam impedido de compreender a missão divina de Jesus.

Animado de uma fé viva e ardente, ia, por seu lado, pregando aos homens que seguissem o Mestre de quem apenas ouvira falar. Certo de que, apoiando-se no seu nome, atrairia para si as graças do Senhor, expulsava os Espíritos impuros, sustentado por Espíritos superiores, que lhe secundavam os esforços.

Era uma pedra isolada que servia para a construção do edifício, como tantas outras houve, há hoje e haverá no futuro.

Marheus, Marcos, Lucas e João

 “quem quer que em meu nome vos dê de beber um copo d’água, por serdes do Cristo, não perderá, eu vo-lo digo em verdade, sua recompensa” – Jesus.

 

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